As tendências de ESG 2024 (Environmental, Social, and Governance) prometem trazer significativas mudanças e avanços no cenário global, com ênfase em regulamentações mais rigorosas, inovação tecnológica, e maior transparência nas práticas empresariais.
Novas Lideranças e Estruturas Organizacionais
Uma mudança notável no setor de ESG é a reestruturação de entidades dedicadas ao tema, com a contratação de novas lideranças para fortalecer as iniciativas de sustentabilidade. Organizações estão focadas em garantir uma transição suave durante mudanças de gestão, com agradecimentos especiais à dedicação das equipes responsáveis por assegurar a continuidade e eficiência dos projetos de sustentabilidade.
Evolução da Regulação e Conformidade
Para os próximos meses, espera-se um aprimoramento significativo na regulação relacionada às práticas ESG. A nova diretiva europeia, CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), que exige que grandes empresas reportem suas atividades de sustentabilidade, é um marco importante. Este novo framework busca aumentar a transparência e a responsabilidade das empresas, com normas específicas para cada setor a serem desenvolvidas e implementadas.
Eficiência e Sustentabilidade
A eficiência continua sendo uma tendência chave, com foco na ampliação da vida útil dos produtos e na minimização de desperdícios. A introdução de normas como a Green Claim Directive visa responsabilizar as empresas por suas comunicações sobre impacto ambiental, combatendo práticas de greenwashing. Além disso, há um movimento crescente para reconhecer a biodiversidade como uma infraestrutura crítica, requerendo esforços semelhantes aos dedicados a outras infraestruturas tradicionais.
Inovações Tecnológicas
A tecnologia desempenha um papel crucial na evolução das práticas ESG. Ferramentas de inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT) estão sendo utilizadas para melhorar a gestão de dados e processos, promovendo a eficiência e a rastreabilidade em cadeias de valor. A indústria 5.0, que integra soluções digitais e sustentáveis, está emergindo como um conceito essencial para o futuro das operações empresariais.
Colaboração e Parcerias
A colaboração entre entidades é fundamental para avançar nas práticas de sustentabilidade. A sinergia entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os pilares ESG destaca a importância de parcerias para atingir metas globais. A plataforma de Inteligência Artificial do Fórum Econômico Mundial é um exemplo de como a tecnologia pode facilitar o estudo e a compreensão dos tópicos ESG, promovendo uma abordagem multidimensional e colaborativa.
Desafios e Oportunidades
Embora as regulamentações mais rígidas possam representar desafios, elas também impulsionam a inovação e a ação efetiva. Empresas são incentivadas a ultrapassar a mera conformidade e buscar soluções que tenham impacto positivo tanto no ambiente quanto na sociedade. A tendência de ir além das emissões de carbono e abordar outros aspectos, como o uso de água e a gestão de resíduos, reforça a necessidade de uma abordagem holística na sustentabilidade.
Muitas das questões individuais que foram colocadas sob a responsabilidade do ESG continuarão a ser importantes para uma série de partes interessadas. Embora os conselhos e a gerência devam prestar atenção às perspectivas das partes interessadas, é responsabilidade dos conselhos e da gerência equilibrar, não igualar, as prioridades das partes interessadas, tudo a serviço da busca e obtenção de desempenho superior e criação de valor a longo prazo. A forma como uma empresa responde aos interesses das partes interessadas deve ser proporcional à magnitude do impacto da parte interessada no negócio e ao horizonte de tempo previsto desse impacto. Os interesses das partes interessadas com grande magnitude, alta certeza e impacto a longo prazo devem ter maior peso na tomada de decisões estratégicas de uma corporação.
É provável que as empresas continuem a enfrentar pressão pública sobre questões ESG. Empresas que são nomes conhecidos podem ser alvos particularmente vulneráveis, mas nenhuma empresa está imune à agitação das partes interessadas. Consequentemente, os conselhos e a gerência devem se preparar para a pressão e o escrutínio público. A preparação antecipada inclui engajamento proativo com as partes interessadas, mantendo um registro de supervisão deliberada e ponderada do conselho, adotando políticas consistentes e bem fundamentadas que podem ser vinculadas a melhor desempenho e criação de valor a longo prazo, prestando atenção em como as políticas e práticas da empresa são comunicadas e garantindo que a liderança da empresa esteja totalmente preparada para enfrentar o escrutínio público quando ele surgir.
Conclusão
As tendências ESG para 2024 destacam a importância de regulamentações rigorosas, inovações tecnológicas e parcerias colaborativas. Com uma abordagem multidimensional, as empresas podem não apenas cumprir suas obrigações legais, mas também liderar o caminho para um futuro mais sustentável e responsável.
Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.