Nos últimos anos, a estratégia ESG (Environmental, Social, and Governance) tornou-se crucial para os negócios. As empresas têm um poder significativo para fazer a diferença além do lucro, o que ajudou o conceito de ESG a evoluir. Ao abordar qualidades ambientais, impactos sociais positivos e uma gestão interna ética, a ESG pode ajudar as empresas a garantir que estão fazendo o bem.
Ao mesmo tempo, a estratégia ESG é complexa devido à sua natureza ampla. Garantir sustentabilidade, boa governança e responsabilidade social positiva exige um olhar abrangente sobre os negócios. Acrescente a isso questões como greenwashing e jargões complexos sobre o que realmente significa governança, e é fácil ver por que as empresas às vezes falham na implementação.
Apesar dos desafios, as empresas que desejam demonstrar seu impacto positivo no mundo devem levar a ESG a sério — e começar a agir agora. Aqueles que não o fizerem podem ficar para trás.
O que é uma estratégia ESG – e como ela funciona?
Uma estratégia ESG é um framework adotado pelas empresas para mostrar que levam a sério o meio ambiente, o impacto social e a governança. Quando bem feita e comunicada adequadamente, essa estratégia se aplica em todas as áreas do negócio, desde operações e tomada de decisões até a ética mais ampla da empresa.
Uma boa estratégia ESG também pode ser lucrativa, demonstrando que as empresas podem fazer o bem e desfrutar de sucesso a longo prazo. Embora tenha sido identificada pela primeira vez em 2004 pelas Nações Unidas, a maioria das empresas só começou a priorizar os objetivos ESG na última década.
O número de empresas que recentemente incorporaram algum grau de ESG em seus frameworks mostra que isso está funcionando. De acordo com a KPMG, 96% das 250 maiores empresas do mundo agora relatam questões de sustentabilidade ou ESG.
As estratégias ESG podem ser adaptadas às necessidades exclusivas de cada empresa, o que significa que há muitas maneiras de acertar. Ao mesmo tempo, muitas vezes há espaço para melhorias, pois raramente as empresas abordam os três pilares do ESG de forma equilibrada. A maioria foca no meio ambiente, pois é um tema que domina as manchetes e é mais fácil de monitorar com estatísticas concretas. Como resultado, as organizações podem negligenciar os fatores sociais e de governança.
Os três pilares do ESG
Uma estratégia ESG é composta por três áreas distintas:
- Ambiente: Foca em como as organizações impactam o planeta, como as emissões de carbono e os esforços para reduzir resíduos. As empresas implementam estratégias para mitigar riscos climáticos de curto e longo prazo, enquanto permitem a responsabilização através do relato de progresso ambiental.
- Social: Examina como as empresas interagem com as pessoas e a comunidade em geral, como funcionários e clientes. Exemplos incluem o desenvolvimento de um programa robusto de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e o apoio a uma cultura de trabalho positiva. Também abrange questões sociais que impactam clientes e a comunidade em geral, como direitos iguais.
- Governança: Refere-se a como uma empresa é gerida, como as estruturas em vigor e como os líderes empresariais tomam decisões. A governança responsabiliza os líderes empresariais, ajudando a garantir integridade e transparência em todas as operações empresariais.
As empresas se beneficiam de iniciativas ESG?
Existem várias maneiras pelas quais as empresas podem se beneficiar de iniciativas ESG — na verdade, há poucos argumentos para que as empresas não priorizem ESG no momento.
Aqui estão os principais benefícios de implementar uma estratégia ESG:
- Reputação melhorada: Em média, 88% dos consumidores são mais leais a marcas que apoiam iniciativas ambientais e sociais. Priorizar objetivos ESG fortalece a lealdade do cliente e ajuda a impulsionar a reputação da sua organização no mercado global, além de diferenciá-la entre os concorrentes.
- Maior acesso a financiamento: Além de atrair clientes, a ESG também é cada vez mais importante para investidores e credores, o que pode desbloquear mais oportunidades de financiamento. Um relatório de 2022 da PwC previu que os investimentos ESG podem valer US$ 33,9 trilhões até 2026. O relatório também acrescenta que os investimentos ESG podem gerar retornos mais significativos para uma empresa.
- Redução de custos: Uma estratégia ESG robusta pode oferecer imperativos financeiros de curto e longo prazo. Por exemplo, mudar para energia renovável pode reduzir os custos gerais de operação, e reter funcionários pode diminuir o ônus financeiro do alto turnover e do treinamento de novos colaboradores.
- Adesão regulatória: Em 2024, mais regulamentações ESG — como os Requisitos de Divulgação de Sustentabilidade (SDR) do Reino Unido, a diretiva de relatórios de sustentabilidade corporativa da UE e as novas leis de divulgação climática da Califórnia — serão implementadas. Outras iniciativas incluem a Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR), agora ganhando força em países em desenvolvimento como as Filipinas, o que significa que as empresas são obrigadas a participar de práticas de crédito plástico. Alarmantemente, apenas 25% das empresas estão preparadas para atender aos requisitos regulatórios iminentes de seus respectivos países. Ter práticas e protocolos de relatórios ESG em vigor reduz o risco de enfrentar penalidades financeiras.
- Força de trabalho mais feliz: Segundo a Marsh & McClennan, organizações com as maiores taxas de satisfação dos funcionários tinham pontuações ESG 14% superiores às de seus concorrentes. Uma estratégia ESG robusta que valoriza o lado “social” ajuda a atrair os funcionários certos e a garantir a retenção da equipe. Não só os funcionários são mais felizes em uma empresa que se preocupa com o bem-estar, a comunidade e o planeta, mas também são mais produtivos.
- Segurança dos negócios: Não é apenas um fator de bem-estar que a ESG proporciona às organizações; ela pode ajudar a proteger suas operações contra os desafios climáticos iminentes. Alguns líderes empresariais já estão se preparando para condições climáticas extremas, com relatórios afirmando que as mudanças climáticas podem custar bilhões às empresas. Focar em um impacto ambiental positivo contribui para um futuro sustentável e fortalece a resiliência das operações.
Como criar uma estratégia ESG eficaz
Implementar uma estratégia ESG leva tempo, paciência e uma visão abrangente das operações empresariais. Aqui estão algumas dicas para começar:
- Conduza avaliações: Os líderes empresariais precisam primeiro entender as estruturas existentes, avaliando práticas ambientais, sociais e de governança e identificando riscos e oportunidades.
- Estabeleça metas mensuráveis: Com base em suas descobertas, comece a pensar nas estratégias ESG que planeja implementar. Identifique qualquer regulamentação ESG que possa impactar sua organização no futuro e comece a criar benchmarks contra os três pilares.
- Crie um roadmap ESG: Como criar a estratégia ESG perfeita não acontece da noite para o dia, uma representação visual da estratégia pode ajudar cada etapa a se encaixar perfeitamente.
- Implemente e reporte sobre as estratégias ESG: Agora é hora de implementar seu planejamento e acompanhar o progresso. Ferramentas e tecnologia ajudam as organizações a rastrear e avaliar seus dados ESG, mas é essencial garantir a transparência compartilhando essas informações através de relatórios regulares, como as divulgações ESG.
Exemplos de estratégias ESG bem-sucedidas
Embora a ESG esteja em foco para a maioria das organizações apenas recentemente, várias empresas líderes já implementaram estratégias ESG e provaram que elas funcionam. Exemplos como Cisco, Patagonia e Microsoft demonstram o impacto positivo que essas iniciativas podem ter.
Resumo
A ESG tornou-se uma parte crucial da maioria dos modelos de negócios bem-sucedidos em 2024. Com a crescente conscientização global sobre o meio ambiente e a demanda dos consumidores por mais ações das empresas em relação ao impacto social, as estratégias ESG se tornarão ainda mais críticas.
Nunca houve um momento melhor para as empresas começarem a levar a sério seus objetivos ESG. Não só é uma decisão de negócio inteligente, mas focar na ESG ajudará a conectar sua empresa a uma comunidade global, enquanto torna o mundo um pouco melhor.
Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.