Nos últimos anos, o conceito ESG (Environmental, Social and Governance) tem se destacado como uma abordagem essencial para avaliar o desempenho e a responsabilidade das empresas. Investidores, clientes e demais interessados estão cada vez mais interessados em compreender como as organizações incorporam práticas sustentáveis e éticas em suas operações. Dentro dos três pilares do ESG, a governança corporativa desempenha um papel central na avaliação da eficácia das políticas e estruturas que regem uma empresa.
As certificadoras ESG têm um papel fundamental na análise e avaliação das práticas de governança das empresas. Elas fornecem informações valiosas a investidores e à sociedade em geral, permitindo decisões conscientes e responsáveis. Neste texto, examinaremos os principais critérios de governança avaliados pelas certificadoras ESG e como esses elementos influenciam a reputação e o desempenho das empresas.
Transparência e Responsabilidade
A transparência é um critério fundamental na governança corporativa, avaliado pelas certificadoras ESG. Empresas devem disponibilizar informações claras e acessíveis sobre suas práticas de negócios, abrangendo políticas de sustentabilidade, riscos ambientais e sociais, estrutura de governança e remuneração dos executivos. Além disso, a prestação de contas envolve a responsabilidade da empresa pelo impacto de suas atividades e a implementação de mecanismos para assegurar a tomada de decisões éticas e responsáveis.
Independência do Conselho e Diversidade
A independência do conselho de administração é um fator de avaliação essencial na governança corporativa. As certificadoras ESG consideram a composição do conselho de administração, a presença de membros independentes e a existência de comitês especializados, como o comitê de auditoria e o comitê de sustentabilidade. Além disso, a diversidade no conselho, abrangendo representação de gênero, etnia e experiências diversas, é valorizada como uma maneira de trazer perspectivas variadas e promover tomadas de decisões equilibradas.
Ética e Integridade
A ética e a integridade representam pilares fundamentais da governança corporativa. As certificadoras ESG avaliam se as empresas mantêm códigos de conduta claros e implementam medidas para prevenir corrupção, suborno e outras práticas antiéticas. Além disso, a existência de um sistema de denúncias anônimas e canais de comunicação eficazes é considerada relevante para assegurar uma cultura corporativa ética.
Gestão de Riscos
A gestão de riscos é um elemento crucial na governança corporativa, avaliado pelas certificadoras ESG. Empresas devem demonstrar sua capacidade de identificar, avaliar e gerenciar riscos relacionados a questões ambientais, sociais e de governança. Isso inclui a implementação de políticas de segurança no trabalho, práticas de gestão de resíduos, mitigação de impactos ambientais, gestão responsável da cadeia de suprimentos e outras medidas para evitar riscos financeiros e de reputação.
Envolvimento com os Stakeholders
O envolvimento com os stakeholders é um critério-chave na avaliação da governança corporativa pelas certificadoras ESG. Empresas devem demonstrar a capacidade de ouvir, dialogar e responder às preocupações e expectativas de diversos grupos afetados por suas operações, incluindo funcionários, clientes, comunidades locais e investidores. O diálogo transparente e a criação de mecanismos para a participação dos stakeholders são aspectos valorizados.
Outros critérios que as certificadoras ESG podem levar em consideração
Além dos critérios anteriormente mencionados, as entidades certificadoras ESG podem levar em consideração outros padrões ao avaliar a governança corporativa de uma empresa. Dentre esses critérios adicionais, destacam-se:
Código de Ética e Conduta: As certificadoras examinam se a empresa estabeleceu e implementa um código de ética e conduta completo, que delineia os princípios éticos e comportamentais que todos os colaboradores e partes envolvidas devem seguir em suas interações com a empresa.
Responsabilidade Fiscal: É avaliado se a empresa cumpre suas obrigações fiscais em conformidade com as leis locais e nacionais, contribuindo para a estabilidade econômica do país em que atua.
Conformidade Legal: Verifica-se se a empresa está em conformidade com todas as leis, regulamentos e normas pertinentes, abrangendo áreas como regulamentações ambientais, trabalhistas, fiscais e outros requisitos legais.
Gestão de Crises: A capacidade da empresa de gerenciar crises e eventos inesperados, como desastres naturais ou pandemias, de maneira eficaz e responsável é criteriosamente analisada.
Políticas de Doações e Filantropia: As políticas de doações e programas de filantropia da empresa são examinados, juntamente com o impacto que a empresa gera na comunidade e em causas sociais por meio de suas contribuições.
Compliance e Integridade nos Negócios: A integridade das operações de negócios é avaliada, incluindo a observância de regulamentos internacionais, bem como a investigação do envolvimento da empresa em atividades controversas e outros setores sensíveis.
Sistema de Reclamações e Resolução de Conflitos: Considera-se se a empresa estabeleceu um sistema eficaz para receber e solucionar reclamações por parte de funcionários, clientes e outras partes interessadas.
É relevante observar que esses critérios adicionais podem variar de uma certificadora ESG para outra, dependendo de suas metodologias específicas. A avaliação da governança corporativa aborda uma ampla gama de áreas, todas com o objetivo de medir o compromisso de uma empresa com a ética, responsabilidade e transparência em suas operações e relacionamentos com as partes interessadas.
Considerações finais
A governança corporativa desempenha um papel fundamental na avaliação das práticas empresariais em relação à sustentabilidade e responsabilidade social. As certificadoras ESG levam em consideração uma série de critérios para avaliar a governança, incluindo transparência, prestação de contas, independência do conselho, diversidade, ética, integridade, gestão de riscos e engajamento com stakeholders. Esses critérios visam promover práticas empresariais mais sustentáveis, éticas e socialmente responsáveis.
À medida que a conscientização sobre a importância da governança ESG cresce, é esperado que as empresas busquem atender a esses critérios para melhorar sua reputação e atrair investidores comprometidos com a sustentabilidade e responsabilidade corporativa.
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Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.