O setor de Uso da Terra, Mudança no Uso da Terra e Florestas (LULUCF) desempenha um papel crítico no equilíbrio do carbono global e na mitigação das mudanças climáticas. Por meio de processos como o sequestro de carbono e emissões de gases de efeito estufa (GEE), o LULUCF influencia diretamente os esforços globais para alcançar metas climáticas, como as do Acordo de Paris.
Esta aula, “Gestão de Carbono e Inventários de GEE no Setor LULUCF: Diretrizes e Práticas Avançadas”, foi projetada para fornecer uma base sólida e aprofundada sobre as metodologias recomendadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para estimar, relatar e revisar emissões e remoções de GEE no setor LULUCF.
1. Visão geral e objetivos de aprendizagem
Você aprenderá:
- Os conceitos fundamentais de emissões/remissões de carbono em categorias de uso da terra, como florestas, terras agrícolas, pastagens, áreas úmidas, assentamentos e outras terras.
- A aplicação prática das Diretrizes do IPCC de 2006 e do Suplemento de Áreas Úmidas de 2013.
- As metodologias para estimar mudanças nos estoques de carbono, desde o uso de dados espaciais até cálculos detalhados para diferentes pools de carbono.
- Técnicas de revisão para assegurar que os inventários nacionais de GEE atendam aos princípios de Transparência, Precisão, Completude, Consistência e Comparabilidade (TACCC).
Seja você um profissional de sustentabilidade, técnico ambiental, pesquisador ou gestor de políticas públicas, este curso permitirá que você compreenda profundamente as interações entre o uso da terra e o clima, contribuindo para estratégias eficazes de mitigação de GEE e conservação dos recursos naturais.
Prepare-se para explorar o setor LULUCF em detalhes, com exemplos práticos, estudos de caso e exercícios que fortalecerão sua capacidade de aplicar esse conhecimento na prática. Bem-vindo(a)!
2. Visão geral
2.1 Diretrizes de relato e revisão no âmbito do ETF
O setor LULUCF é regido pelas Diretrizes Modalidades, Procedimentos e Diretrizes (MPGs) do Acordo de Paris. Para revisar inventários de GEE sob o Enhanced Transparency Framework (ETF), é essencial compreender os requisitos definidos pelas MPGs.
2.2 Diretrizes do IPCC para o setor LULUCF
Para realizar uma revisão técnica eficaz, é necessário ter conhecimento das seguintes metodologias:
- Diretrizes do IPCC de 2006 (Volumes 1 e 4):
- Volume 1: Orientação geral e transversal aplicável a todos os setores.
- Volume 4: Metodologias para estimativas de emissões/remissões no setor AFOLU (Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra), combinando orientação para LULUCF e agricultura.
- Suplemento de Áreas Úmidas de 2013:
- Inclui metodologias adicionais e fatores padrão para estimar emissões/remissões de GEE em áreas úmidas e solos orgânicos.
As diretrizes têm como objetivo garantir que os inventários de GEE sejam:
- Transparentes, precisos, completos, consistentes ao longo do tempo e comparáveis.
2.3 Categorias no setor LULUCF
O setor LULUCF abrange:
- Mudanças nos estoques de carbono (CSC).
- Emissões de CO2, CH4 e N2O associadas ao uso da terra e mudanças no uso da terra.
Categorias principais de uso da terra no LULUCF:
- Florestas
- Terras agrícolas
- Pastagens
- Áreas úmidas
- Assentamentos
- Outras terras
Cada categoria pode ser dividida em:
- Terras gerenciadas: Onde há intervenções humanas diretas.
- Terras não gerenciadas: Naturalmente excluídas de intervenções, a menos que sejam convertidas para usos gerenciados.
Subcategorias:
- Terras mantidas no uso atual: Não mudaram de uso nos últimos 20 anos (ou outro período definido pelo país).
- Terras convertidas para o uso atual: Mudaram de uso nos últimos 20 anos (período padrão definido pelo IPCC).
2.4 Período de transição/conversão
- Período de conversão: Intervalo de 20 anos (padrão do IPCC) para relatar mudanças de uso da terra.
- Período de transição: Tempo necessário para que os estoques de carbono atinjam um novo equilíbrio após a mudança no uso/gestão da terra.
É essencial que esses períodos sejam aplicados consistentemente em todo o inventário.
2.5 Estoques de carbono e gases
Os estoques de carbono em diferentes pools (reservatórios) são usados como proxy para estimar emissões/remissões de GEE:
- Pools de carbono: Biomassa acima e abaixo do solo, madeira morta, serapilheira, carbono orgânico do solo (SOC).
- Gases relatados: CO2, CH4, N2O.
2.6 Processos de mudanças nos estoques de carbono
Mudanças nos estoques de carbono ocorrem por dois processos:
- Mudanças abruptas: Ex.: Desmatamento ou remoção de biomassa.
- Mudanças contínuas: Ex.: Acúmulo ou decomposição de carbono ao longo de um período de transição (geralmente 20 anos).
2.7 Métodos para estimar mudanças nos estoques de carbono
- Método de ganho e perda: Calcula ganhos e perdas anuais em pools de carbono.
- Método de diferença de estoque: Compara estoques de carbono no início e no final de um período.
3. Categorias de uso da terra
3.1 Introdução
As categorias de uso da terra fornecem a base para relatórios no setor LULUCF, permitindo o cálculo das emissões e remoções de GEE. As seis categorias principais são:
- Florestas: Áreas ocupadas por árvores com potencial para alcançar altura mínima e cobertura específica.
- Terras agrícolas: Inclui plantações, pastagens manejadas, pomares, etc.
- Pastagens: Terrenos cobertos predominantemente por vegetação herbácea.
- Áreas úmidas: Ex.: Manguezais, pântanos e áreas alagadas.
- Assentamentos: Áreas urbanizadas, incluindo edifícios e infraestrutura.
- Outras terras: Terrenos que não se enquadram nas categorias acima, como desertos.
Subcategorias de uso da terra:
- Terras mantidas no uso atual: Áreas que não mudaram de uso nos últimos 20 anos ou mais.
- Terras convertidas para o uso atual: Áreas que mudaram de uma categoria para outra nos últimos 20 anos (ou período definido pelo país).
Exemplo:
- Um pedaço de floresta convertido em terra agrícola em 2010 será relatado como “floresta convertida para terras agrícolas” até 2030 (período de conversão padrão de 20 anos).
3.2 Estratificação
Estratificar terras significa dividi-las em classes com características semelhantes para aumentar a precisão das estimativas. Exemplos de critérios para estratificação incluem:
- Tipo de solo: Mineral ou orgânico.
- Densidade florestal: Áreas densas versus esparsas.
- Condições de manejo: Manejo intensivo, extensivo ou ausência de manejo.
Benefício da estratificação:
- Permite que estimativas de emissões e remoções sejam ajustadas para refletir variações locais e específicas.
3.3 Princípios TACCC (T: Transparência; A: Precisão (Accuracy); C: Completude (Completeness);C: Consistência (Consistency); C: Comparabilidade (Comparability))
Os cinco princípios TACCC garantem que os dados dos inventários sejam robustos e comparáveis:
- Transparência: A metodologia e os dados usados devem ser claros o suficiente para que outras partes interessadas possam entender.
- Precisão: As incertezas devem ser minimizadas tanto quanto possível, e as estimativas devem refletir os dados mais precisos disponíveis.
- Completude: Nenhuma categoria de uso da terra ou pool de carbono relevante deve ser omitido.
- Consistência: Metodologias e dados devem ser aplicados uniformemente ao longo do tempo.
- Comparabilidade: Os inventários devem permitir comparações entre países e ao longo do tempo.
Exemplo prático:
- Se um país utiliza uma abordagem para calcular mudanças nos estoques de carbono em 2000, deve continuar a usar essa abordagem em 2010, a menos que uma metodologia mais precisa seja adotada.
3.4 Bases de dados de uso da terra
Bases de dados consistentes são essenciais para representar mudanças no uso da terra ao longo do tempo. Três abordagens principais são usadas:
- Abordagem 1: Reporta áreas agregadas sem rastrear mudanças entre categorias.
- Exemplo: Apenas o total de áreas florestais, sem especificar quanto foi convertido em terras agrícolas.
- Abordagem 2: Reporta mudanças entre categorias, mas sem localização geográfica.
- Exemplo: Quantifica o tamanho da área florestal convertida em terras agrícolas, mas não indica a localização exata.
- Abordagem 3: Rastrea mudanças com localização geográfica específica.
- Exemplo: Indica quais parcelas específicas de floresta foram convertidas em terras agrícolas, usando SIG (Sistema de Informação Geográfica).
Abordagem recomendada:
- Sempre que possível, usar a Abordagem 3 para garantir maior precisão.
3.5 Estoques de carbono
Os estoques de carbono são divididos em cinco pools principais:
- Biomassa acima do solo: Árvores, arbustos e outras plantas.
- Biomassa abaixo do solo: Raízes e material subterrâneo.
- Madeira morta: Árvores caídas e material lenhoso em decomposição.
- Serapilheira: Folhas e outros materiais orgânicos na superfície do solo.
- Carbono orgânico do solo (SOC): Matéria orgânica acumulada no solo.
Por que os estoques de carbono são importantes?
- Alterações nesses pools afetam diretamente as emissões/remissões de CO2 e outros GEE.
3.6 Transferências entre pools de carbono
Quando o carbono é transferido entre pools (ex.: biomassa para madeira morta), ele não causa emissões imediatas. No entanto, processos como a decomposição ou queima do carbono transferido podem gerar emissões futuras.
Exemplo prático:
- Quando uma árvore é derrubada, parte do carbono pode ser transferida para o pool de madeira morta, mas só se tornará emissão de CO2 à medida que a madeira se decompor ou for queimada.
3.7 Estimativa de balanço de carbono
O balanço de carbono analisa os ganhos e perdas nos estoques ao longo do tempo:
- Ganho no estoque: Representa remoção de CO2 da atmosfera.
- Perda no estoque: Representa emissão de CO2 para a atmosfera.
- Equilíbrio: Estoques de carbono permanecem constantes ao longo do tempo.
3.8 Diretrizes e suplementos específicos
- Diretrizes do IPCC de 2006: Fornecem métodos gerais para todos os setores.
- Suplemento de Áreas Úmidas de 2013: Aborda metodologias para solos orgânicos e áreas úmidas.
Esses documentos devem ser usados como referência para estimar emissões e remoções no setor LULUCF.
3.9 Abordagem geral na revisão
Ao revisar os relatórios de uso da terra:
- Verifique se os dados de área são consistentes ao longo do tempo.
- Certifique-se de que os métodos de estratificação sejam claros e justificados.
- Avalie a adequação das metodologias aplicadas para diferentes pools de carbono e categorias de uso.
4. Florestas
Aqui está uma análise mais detalhada dos principais tópicos abordados na lição sobre florestas, com explicações adicionais e exemplos práticos.
Pools de carbono nas florestas
Os cinco pools de carbono no setor florestal representam diferentes formas de armazenamento de carbono. Veja mais detalhes sobre cada um:
- Biomassa acima do solo:
- Inclui troncos, galhos, folhas e outros materiais vegetais acima do solo.
- Este pool é diretamente afetado por práticas de manejo, como corte raso ou extração seletiva.
- Exemplo: Em uma floresta tropical, árvores de grande porte armazenam uma grande quantidade de carbono nesse pool.
- Biomassa abaixo do solo:
- Refere-se às raízes das árvores e plantas.
- Geralmente, representa cerca de 20% a 30% do carbono total de uma árvore.
- Exemplo: O desmatamento que inclui a remoção das raízes pode liberar carbono armazenado no solo.
- Madeira morta:
- Consiste em árvores caídas ou mortas, que gradualmente liberam carbono à medida que se decompõem.
- Importante: Este pool pode se tornar uma fonte de emissão de CH4 em condições anaeróbicas, como áreas alagadas.
- Serapilheira:
- Materiais orgânicos, como folhas e galhos, que caem no solo e estão em diferentes estágios de decomposição.
- É uma fonte contínua de carbono orgânico do solo (SOC) se não houver intervenções, como incêndios ou remoção.
- Carbono orgânico do solo (SOC):
- Refere-se ao carbono armazenado na matéria orgânica do solo.
- Exemplo: Florestas manejadas com práticas que evitam a compactação do solo tendem a manter maiores níveis de SOC.
Gases relatados nas florestas
Os três principais gases de efeito estufa associados ao setor florestal são:
- CO2 (dióxido de carbono):
- Liberado durante a queima, decomposição ou corte de árvores.
- Removido da atmosfera pelo crescimento das árvores durante a fotossíntese.
- CH4 (metano):
- Emissões podem ocorrer durante incêndios florestais e decomposição anaeróbica de biomassa, especialmente em condições alagadas.
- N2O (óxido nitroso):
- Associado ao uso de fertilizantes em florestas manejadas ou à decomposição de biomassa em solos ricos em nitrogênio.
Métodos de estimativa de emissões e remoções
Os dois principais métodos usados para estimar mudanças nos estoques de carbono em florestas são explicados em detalhes abaixo.
- Método de ganho-perda:
- Calcula os ganhos anuais de carbono (crescimento de árvores) e perdas (desmatamento, incêndios, decomposição).
- É o método padrão das Diretrizes do IPCC, amplamente utilizado devido à simplicidade de aplicação.
- Exemplo prático:
- Se uma floresta absorve 10 toneladas de carbono por hectare ao ano devido ao crescimento das árvores, e perde 20 toneladas devido ao corte seletivo, o balanço seria uma perda líquida de 10 toneladas de carbono.
- Método de diferença de estoque:
- Compara o carbono total armazenado nos pools de uma área específica em dois momentos diferentes.
- Requer dados confiáveis de inventários florestais periódicos.
- Exemplo prático:
- Um inventário florestal em 2010 indica 100 toneladas de carbono por hectare, mas um inventário em 2020 mostra 90 toneladas. Isso sugere uma perda líquida de 10 toneladas por hectare em 10 anos.
Impacto das mudanças no uso da terra
- Florestas convertidas para terras agrícolas:
- Isso resulta em emissões significativas de CO2, pois o carbono armazenado nos pools de biomassa e madeira morta é liberado rapidamente.
- Exemplo: A conversão de 1 hectare de floresta tropical em terras agrícolas pode liberar mais de 200 toneladas de CO2.
- Reflorestamento:
- Processo pelo qual áreas degradadas são convertidas novamente em florestas, promovendo a remoção de CO2 da atmosfera.
- Importante: As remoções de carbono podem levar décadas para compensar as emissões iniciais da degradação.
Emissões de incêndios florestais
Os incêndios florestais são uma fonte significativa de GEE, liberando grandes quantidades de CO2, CH4 e N2O. As emissões variam com base no tipo de floresta e na severidade do fogo.
- Cálculo de emissões de incêndios:
- Fórmula básica: Emissões=Área Queimada×Biomassa Queimada×Fator de Emissão
- Exemplo prático:
- Se 100 hectares de floresta queimam, com 200 toneladas de biomassa por hectare, e o fator de emissão é 0,4, então as emissões totais de CO2 seriam: 100×200×0,4=8.000 toneladas de CO2.
Transferência de carbono entre pools
Quando as florestas são convertidas, o carbono pode ser transferido entre pools antes de ser liberado:
- Exemplo: Parte da biomassa cortada pode ser usada como madeira de construção (pool de produtos de madeira colhida) em vez de ser queimada ou deixada para decomposição.
Exercício prático detalhado
- Cenário:
- Um país relata que 500 hectares de floresta foram convertidos para terras agrícolas em 2020.
- Cada hectare possui 150 toneladas de biomassa acima do solo e 50 toneladas de biomassa abaixo do solo.
- Apenas 30% da biomassa acima do solo foi utilizada como madeira de construção; o restante foi queimado.
- Cálculo das emissões:
- Biomassa queimada: 500×(150×0,7+50)=500×155=77.500 toneladas de biomassa.
- Emissões de CO2 (fator de conversão biomassa para CO2 = 44/12): 77.500×44/12≈284.167 toneladas de CO2.
5. Terras Agrícolas
5.1. Introdução
Esta lição aborda o papel das terras agrícolas no setor LULUCF, destacando:
- Estimativas de emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) associadas a terras agrícolas.
- Métodos de monitoramento das mudanças nos estoques de carbono.
- Impactos das práticas de manejo agrícola no carbono do solo e na biomassa.
5.2. Visão Geral e Informações Metodológicas
5.2.1 Relatório sobre terras agrícolas
As terras agrícolas incluem:
- Terras cultivadas: Áreas utilizadas para cultivo de grãos, legumes, frutas, entre outros.
- Pastagens manejadas: Áreas usadas para criação de gado, frequentemente com práticas de manejo intensivo.
- Plantios perenes: Pomares, vinhedos, plantações de café, etc.
5.2.2 Pools e gases a serem relatados
Pools de carbono principais:
- Carbono orgânico do solo (SOC):
- É o principal pool em terras agrícolas.
- Influenciado por práticas como aração, adubação e rotação de culturas.
- Biomassa acima e abaixo do solo: Embora geralmente menor em comparação às florestas, é relevante para plantios perenes.
- Serapilheira e resíduos agrícolas: Resíduos de colheitas que permanecem no solo podem contribuir para o carbono do solo.
Gases relatados:
- CO2: Emissões de carbono do solo devido à aração ou mudanças no uso da terra; remoções por práticas que aumentam o SOC.
- CH4: Emissões de arrozais alagados e fermentação entérica em áreas pastoris.
- N2O: Emissões de solos agrícolas devido ao uso de fertilizantes nitrogenados.
5.2.3 Métodos e pools
As Diretrizes do IPCC oferecem dois métodos principais para estimar mudanças nos estoques de carbono:
- Método de ganho-perda:
- Calcula os ganhos no carbono do solo devido a práticas de manejo (ex.: adição de resíduos) e as perdas causadas por atividades como aração.
- Exemplo: Uma prática de adubação verde pode resultar em ganho anual de 0,5 toneladas de carbono por hectare.
- Método de diferença de estoque:
- Compara os estoques de carbono do solo em dois momentos no tempo.
- Exemplo: Uma área com 100 toneladas de SOC em 2000 e 90 toneladas em 2020 teve uma perda de 10 toneladas em 20 anos.
5.3. Impactos do manejo agrícola
As práticas agrícolas têm um papel crucial na dinâmica do carbono:
- Práticas que aumentam o SOC:
- Plantio direto (sem aração).
- Rotação de culturas.
- Adubação orgânica.
- Práticas que reduzem o SOC:
- Aração intensiva.
- Uso excessivo de fertilizantes.
- Queima de resíduos agrícolas.
Exemplo prático:
- O plantio direto em uma área de 1 hectare pode aumentar os estoques de carbono em 0,3 toneladas por ano, enquanto a aração pode levar a uma perda de 0,2 toneladas por ano.
5.3.1 Emissões específicas de terras agrícolas
- Emissões de CH4 em arrozais:
- O arroz alagado gera metano devido à decomposição anaeróbica da matéria orgânica.
- Cálculo básico: Emissões de CH4=Área de arrozal×Fator de emissão por hectare.
- Emissões de N2O de solos agrícolas:
- Fertilizantes nitrogenados estimulam a emissão de óxido nitroso.
- Fatores de emissão: Diretrizes do IPCC fornecem valores padrão para estimar emissões com base na quantidade de fertilizante aplicado.
5.4. Abordagem para Revisão
Ao revisar inventários relacionados a terras agrícolas:
- Verifique a consistência dos dados de área e práticas agrícolas relatadas.
- Avalie se as práticas de manejo relatadas correspondem aos estoques de carbono do solo e às emissões de GEE.
- Certifique-se de que todas as emissões de CH4 e N2O são incluídas, especialmente para arrozais e solos fertilizados.
Exemplo prático:
- Um país relata que 500 hectares de terras agrícolas são manejados com aração convencional. O relatório deve incluir perdas de SOC associadas a essa prática.
5.5 Exercícios Práticos
Cenário de exercício:
- Uma área de 100 hectares de terras agrícolas foi convertida de pastagem em 2015. O carbono orgânico do solo médio foi reduzido de 50 para 40 toneladas por hectare em 2020.
- Pergunta 1: Qual foi a perda total de SOC?
- Resposta: Perda total=(50−40)×100=1.000 toneladas de carbono.
5.6. Pontos-chave para lembrar
- As terras agrícolas são um componente essencial do setor LULUCF, com forte impacto nos estoques de carbono do solo.
- Práticas de manejo sustentável podem reverter emissões e aumentar os estoques de carbono.
- Emissões de CH4 e N2O devem ser cuidadosamente monitoradas, especialmente em arrozais e solos fertilizados.
6. Pastagens
6.1. Introdução
Esta lição aborda as emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) associadas às pastagens. O foco está em:
- Métodos para estimar mudanças nos estoques de carbono em pastagens.
- Impactos de diferentes práticas de manejo, como o pastejo intensivo ou extensivo.
- Estimativas de emissões de CH4 e N2O em sistemas de pastagem.
6.2. Visão Geral e Informações Metodológicas
6.2.1 Relatório sobre pastagens
As pastagens incluem:
- Áreas naturais cobertas por gramíneas.
- Áreas manejadas para pastejo de animais, incluindo pastagens irrigadas e adubadas.
Subcategorias:
- Pastagens permanecendo no uso atual: Áreas que permanecem como pastagens por mais de 20 anos.
- Pastagens convertidas: Áreas que mudaram de uso (ex.: florestas convertidas em pastagens ou pastagens convertidas para terras agrícolas) nos últimos 20 anos.
6.2.2 Pools e gases a serem relatados em pastagens
Pools de carbono principais:
- Carbono orgânico do solo (SOC):
- Representa o maior estoque de carbono em pastagens.
- Alterado por práticas como aração, irrigação e aplicação de fertilizantes.
- Biomassa acima do solo: Relativamente baixa em pastagens naturais, mas maior em áreas manejadas com gramíneas de alto rendimento.
- Serapilheira: Resíduos vegetais decompostos que contribuem para o SOC.
Gases relatados:
- CO2: Perdas de carbono devido à degradação do solo; remoções por práticas que aumentam o SOC.
- CH4: Emissões de fermentação entérica de animais em pastagens.
- N2O: Emissões de solos pastoris devido ao uso de fertilizantes ou urina/fezes de animais.
6.2.3 Métodos e pools
Os métodos de estimativa de emissões/remissões em pastagens incluem:
- Método de ganho-perda:
- Estima ganhos no SOC com práticas como manejo de resíduos e perdas devido a degradação ou aração.
- Exemplo: Uma pastagem manejada de forma sustentável pode ganhar 0,5 toneladas de carbono por hectare ao ano.
- Método de diferença de estoque:
- Compara os estoques de carbono em diferentes momentos no tempo.
- Exemplo: Um inventário em 2000 indica 40 toneladas de SOC por hectare, enquanto em 2020 o estoque é de 35 toneladas, indicando uma perda de 5 toneladas por hectare.
6.3. Impactos do manejo de pastagens
Práticas de manejo têm um papel significativo na dinâmica de carbono e emissões de GEE em pastagens.
Práticas que aumentam o SOC:
- Manejo rotacional do pastejo.
- Introdução de gramíneas de alto rendimento.
- Uso de fertilizantes orgânicos.
Práticas que reduzem o SOC:
- Pastejo excessivo, que expõe o solo à erosão.
- Aração para renovação de pastagens.
- Desmatamento de áreas de pastagens arborizadas.
Exemplo prático:
- Uma pastagem intensivamente manejada com fertilizantes químicos pode gerar emissões anuais de 10 kg de N2O por hectare, enquanto uma pastagem manejada de forma extensiva pode emitir apenas 3 kg de N2O.
6.3.1 Emissões específicas de CH4 e N2O
- CH4 da fermentação entérica:
- Bovinos emitem grandes quantidades de metano durante a digestão.
- Fórmula básica: Emissões de CH4=Número de animais×Fator de emissa˜o por animal.
- N2O de solos pastoris:
- Emissões relacionadas à urina e fezes de animais.
- Fatores de emissão: Diretrizes do IPCC fornecem valores padrão com base no manejo do solo e na carga animal.
6.4. Abordagem para Revisão
Ao revisar inventários relacionados a pastagens:
- Verifique se o relatório inclui todas as subcategorias relevantes (pastagens convertidas e mantidas).
- Certifique-se de que as práticas de manejo relatadas correspondem aos estoques de carbono e às emissões de GEE estimadas.
- Avalie a precisão dos dados, especialmente para emissões de CH4 e N2O.
Exemplo prático:
- Um país relata que 10.000 bovinos estão em pastagens manejadas intensivamente. O inventário deve incluir emissões de fermentação entérica (CH4) e emissões de N2O do solo.
6.5. Exercícios Práticos
Cenário de exercício:
- Uma área de 500 hectares de pastagens manejadas foi convertida em terras agrícolas em 2015. Em 2020, o SOC médio foi reduzido de 50 para 40 toneladas por hectare.
- Pergunta 1: Qual foi a perda total de SOC?
- Resposta: Perda total=(50−40)×500=5.000 toneladas de carbono.
6.6. Pontos-chave para lembrar
- Pastagens são uma fonte importante de emissões de CH4 (fermentação entérica) e N2O (solos pastoris).
- Manejo sustentável pode aumentar os estoques de carbono no solo e reduzir emissões de GEE.
- Revisões técnicas devem garantir a inclusão de todas as categorias relevantes e a consistência metodológica.
7: Áreas Úmidas
7.1. Introdução
Esta lição examina as emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) associadas às áreas úmidas, que incluem pântanos, manguezais, turfeiras, áreas alagadas e terras drenadas. O foco está em:
- Identificação de pools de carbono e fluxos de GEE específicos das áreas úmidas.
- Métodos para estimar emissões de CO2, CH4 e N2O.
- Impactos das atividades humanas, como drenagem, reabilitação e extração de turfa.
7.2. Visão Geral e Informações Metodológicas
7.2.1 Relatório sobre áreas úmidas
As áreas úmidas incluem:
- Naturais: Manguezais, pântanos e turfeiras intocadas.
- Manejadas: Áreas drenadas para agricultura ou silvicultura, reservatórios artificiais e terras de extração de turfa.
Subcategorias:
- Áreas úmidas permanecendo no uso atual: Sem mudança de uso por mais de 20 anos.
- Áreas úmidas convertidas: Ex.: Pântanos drenados para uso agrícola ou reservatórios criados em terras anteriormente agrícolas.
7.2.2 Pools e gases a serem relatados
Pools de carbono principais:
- Carbono orgânico do solo (SOC):
- Dominante em turfeiras e áreas úmidas alagadas.
- Significativamente afetado por drenagem e degradação.
- Biomassa acima e abaixo do solo: Relevante em manguezais e pântanos florestados.
- Serapilheira: Resíduos vegetais em decomposição.
Gases relatados:
- CO2: Emissões de solos drenados devido à oxidação de matéria orgânica.
- CH4: Emissões de decomposição anaeróbica em áreas alagadas.
- N2O: Emissões de solos drenados fertilizados.
7.2.3 Métodos e pools
Os métodos de estimativa de emissões/remissões em áreas úmidas incluem:
- Método de ganho-perda:
- Avalia as emissões de carbono de áreas drenadas e os ganhos em áreas restauradas.
- Exemplo: A restauração de um manguezal pode resultar em remoção líquida de 1 tonelada de carbono por hectare ao ano.
- Método de diferença de estoque:
- Compara os estoques de carbono do solo antes e após a intervenção humana.
- Exemplo: Uma turfeira drenada para cultivo mostra redução de 10 toneladas de SOC por hectare em 5 anos.
7.3. Impactos do manejo de áreas úmidas
Práticas humanas têm um impacto significativo nas emissões de GEE em áreas úmidas.
Práticas que aumentam as emissões:
- Drenagem: Ex.: Turfeiras drenadas liberam CO2 devido à oxidação da matéria orgânica do solo.
- Extração de turfa: Libera grandes quantidades de CO2 e CH4.
- Queima de biomassa em áreas úmidas: Emissões diretas de CO2 e N2O.
Práticas que reduzem as emissões:
- Reabilitação: Reativação de processos naturais por meio de reumedecimento e reflorestamento.
- Gestão de água: Manutenção de níveis de água que minimizem a decomposição anaeróbica.
Exemplo prático:
- A restauração de uma turfeira drenada pode reduzir emissões de CO2 de 20 toneladas para 5 toneladas por hectare ao ano.
7.3.1 Emissões específicas
- CH4 de áreas alagadas:
- Decorrente da decomposição anaeróbica da matéria orgânica.
- Mais pronunciado em manguezais e arrozais alagados.
- CO2 de solos drenados:
- O carbono armazenado no solo orgânico é rapidamente oxidado, liberando CO2.
- Fator de emissão padrão: 1 tonelada de CO2 por hectare ao ano para turfeiras drenadas.
- N2O de solos fertilizados:
- Fertilizantes nitrogenados em solos drenados estimulam a emissão de óxido nitroso.
7.4. Abordagem para Revisão
Ao revisar inventários relacionados a áreas úmidas:
- Verifique a inclusão de emissões de CO2 de solos drenados, CH4 de áreas alagadas e N2O de solos manejados.
- Avalie se práticas de manejo, como drenagem e restauração, estão claramente documentadas.
- Certifique-se de que todos os pools de carbono relevantes foram considerados.
Exemplo prático:
- Se um país relata a drenagem de 100 hectares de turfeiras para agricultura, o inventário deve incluir emissões de CO2 do SOC oxidado.
7.5. Exercícios Práticos
Cenário de exercício:
- Uma área de 200 hectares de manguezal foi drenada para cultivo em 2010. Em 2020, as emissões acumuladas de CO2 do SOC foram estimadas em 20 toneladas por hectare.
- Pergunta: Qual foi a emissão total de CO2?
- Resposta: Emissão total=200×20=4.000 toneladas de CO2.
7.6. Pontos-chave para lembrar
- Áreas úmidas naturais são importantes sumidouros de carbono, enquanto áreas drenadas podem se tornar grandes fontes de CO2.
- Restauração de áreas úmidas pode reverter emissões e promover remoções de carbono.
- Revisões técnicas devem verificar a consistência metodológica e a transparência dos dados, especialmente para turfeiras e manguezais.
8: Assentamentos
8.1. Introdução
Esta lição explora as emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) associadas a assentamentos, como áreas urbanas e construções. O foco inclui:
- Estoques de carbono e fluxos de GEE em áreas urbanizadas.
- Impactos da urbanização em pools de carbono e emissões de CO2.
- Métodos para estimar mudanças no uso do solo relacionadas a assentamentos.
8.2. Visão Geral e Informações Metodológicas
8.2.1 Relatório sobre assentamentos
Os assentamentos incluem:
- Áreas urbanas e periurbanas.
- Infraestruturas como estradas, edifícios e estacionamentos.
- Áreas de lazer urbanizadas, como parques.
Subcategorias:
- Assentamentos permanecendo no uso atual: Áreas já urbanizadas que não sofreram mudanças significativas no uso do solo nos últimos 20 anos.
- Assentamentos convertidos: Ex.: Áreas agrícolas ou florestais convertidas em assentamentos.
8.2.2 Pools e gases a serem relatados
Pools de carbono principais:
- Biomassa acima e abaixo do solo: Árvores e vegetação urbana.
- Carbono orgânico do solo (SOC): A vegetação urbana pode contribuir para o SOC, mas a pavimentação pode interromper esse ciclo.
- Produtos de madeira colhida: Carbono armazenado em materiais de construção, como madeira estrutural.
Gases relatados:
- CO2: Emissões de carbono de áreas pavimentadas e de construções.
- CH4: Emissões de aterros e sistemas de resíduos urbanos.
- N2O: Emissões associadas ao uso de fertilizantes em paisagismo urbano.
8.2.3 Métodos e pools
Os métodos para estimar emissões e remoções em assentamentos incluem:
- Método de ganho-perda:
- Estima perdas de carbono de biomassa acima do solo devido à urbanização e ganhos em áreas arborizadas.
- Exemplo: Um parque urbano plantado com árvores pode remover 0,2 toneladas de carbono por hectare ao ano.
- Método de diferença de estoque:
- Compara estoques de carbono antes e depois de mudanças no uso do solo.
- Exemplo: Uma área florestal convertida para assentamento pode ter uma redução de 50 toneladas de carbono por hectare.
8.3. Impactos da urbanização no carbono
A urbanização afeta diretamente os estoques de carbono e as emissões de GEE. Os impactos incluem:
- Perda de biomassa: O desmatamento para construção reduz o estoque de carbono acima do solo.
- Alterações no SOC: A pavimentação pode reduzir a capacidade do solo de armazenar carbono.
- Ganho em vegetação urbana: Áreas verdes urbanas podem atuar como pequenos sumidouros de carbono.
Exemplo prático:
- Um hectare de floresta convertido em assentamento pode liberar 100 toneladas de CO2 devido à perda de biomassa e SOC. No entanto, a introdução de árvores urbanas pode compensar parte dessas emissões ao longo do tempo.
8.3.1 Emissões específicas de assentamentos
- CO2 de áreas pavimentadas:
- A remoção da vegetação e a compactação do solo levam à perda de carbono armazenado.
- Fator de emissão: A perda típica de carbono orgânico do solo em áreas pavimentadas é de 25% a 50% do estoque original.
- CH4 de aterros:
- Resíduos orgânicos depositados em aterros produzem metano à medida que se decompõem anaerobicamente.
- Cálculo básico: Emisso˜es de CH4=Quantidade de resíduos×Fator de emissão
- N2O de fertilizantes urbanos:
- Fertilizantes aplicados em gramados e parques urbanos emitem óxido nitroso.
8.4. Abordagem para Revisão
Ao revisar inventários relacionados a assentamentos:
- Verifique a inclusão de emissões de CO2 de áreas pavimentadas e CH4 de aterros.
- Avalie se as práticas de manejo urbano estão detalhadas, incluindo áreas verdes e vegetação urbana.
- Certifique-se de que as mudanças no uso do solo urbano são claramente documentadas.
Exemplo prático:
- Um país relata que 1.000 hectares de áreas agrícolas foram convertidos em assentamentos nos últimos 10 anos. O inventário deve incluir as emissões de CO2 da biomassa removida e do SOC perdido.
8.5. Exercícios Práticos
Cenário de exercício:
- Uma área de 500 hectares de terras florestais foi convertida em assentamentos urbanos. Cada hectare tinha um estoque de 100 toneladas de carbono na biomassa acima do solo. A vegetação urbana plantada posteriormente sequestra 10 toneladas de carbono no total.
- Pergunta: Qual foi o saldo líquido de carbono?
- Resposta: Emissão líquida=(500×100)−10=50.000−10=49.990 toneladas de carbono.
8.6. Pontos-chave para lembrar
- Assentamentos contribuem para emissões de CO2 e CH4, especialmente durante a conversão de terras.
- Vegetação urbana pode compensar parcialmente essas emissões ao atuar como sumidouro de carbono.
- Revisões técnicas devem garantir que todas as fontes e sumidouros associados a assentamentos sejam considerados.
9: Outras Terras
9.1. Introdução
Esta lição aborda as emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) associadas a terras classificadas como “outras terras”. Essas áreas incluem terrenos que não se enquadram nas categorias de florestas, terras agrícolas, pastagens, áreas úmidas ou assentamentos. O foco está em:
- Identificação das emissões de GEE associadas a “outras terras”.
- Impactos de mudanças no uso do solo para essas áreas.
- Métodos para estimar emissões/remissões de carbono.
9.2. Visão Geral e Informações Metodológicas
9.2.1 Relatório sobre “outras terras”
As “outras terras” incluem:
- Desertos, montanhas rochosas e áreas permanentemente congeladas (permafrost).
- Terrenos expostos sem vegetação significativa.
- Áreas naturais que permanecem em estado não manejado.
Subcategorias:
- “Outras terras” permanecendo no uso atual: Não sofreram alterações de uso ou manejo nos últimos 20 anos.
- “Outras terras” convertidas: Ex.: Florestas ou pastagens degradadas transformadas em terrenos expostos ou desertificados.
9.2.2 Pools e gases a serem relatados
Pools de carbono principais:
- Carbono orgânico do solo (SOC):
- Relevante para áreas anteriormente vegetadas.
- Pode ser reduzido devido à erosão ou desertificação.
- Biomassa acima e abaixo do solo: Geralmente insignificante em “outras terras” naturais.
- Serapilheira: Limitada em áreas áridas ou sem vegetação.
Gases relatados:
- CO2: Emissões de carbono do solo devido à erosão ou desertificação.
- CH4: Emissões podem ocorrer em locais com presença de vegetação sazonal em condições anaeróbicas.
- N2O: Geralmente irrelevante, exceto em áreas manejadas com fertilizantes ou outros insumos.
9.2.3 Métodos e pools
Os métodos para estimar emissões e remoções em “outras terras” incluem:
- Método de ganho-perda:
- Estima perdas de carbono do solo em áreas degradadas ou desertificadas.
- Exemplo: A erosão do solo em uma área de 1 hectare pode resultar em perda de 0,1 tonelada de carbono por ano.
- Método de diferença de estoque:
- Compara estoques de carbono antes e após a conversão ou degradação.
- Exemplo: Um terreno que perdeu 5 toneladas de carbono do solo ao longo de 10 anos teve uma perda média anual de 0,5 tonelada por ano.
9.3. Impactos da degradação em “outras terras”
As atividades humanas e os processos naturais podem levar a emissões de GEE em “outras terras”. Esses impactos incluem:
- Erosão do solo: Reduz os estoques de SOC, liberando carbono para a atmosfera.
- Desertificação: Associada a emissões de CO2 devido à degradação da matéria orgânica do solo.
- Vegetação sazonal: Áreas que temporariamente possuem vegetação podem atuar como pequenos sumidouros de carbono.
Exemplo prático:
- Uma área de 100 hectares anteriormente coberta por pastagens sofre desertificação, liberando 10 toneladas de carbono ao longo de 5 anos devido à erosão do solo.
9.3.1 Emissões específicas
- CO2 de solos expostos:
- A perda de carbono do solo devido à erosão ou degradação é a principal fonte de emissões em “outras terras”.
- Fator de emissão típico: 0,1 a 1 tonelada de CO2 por hectare ao ano, dependendo do tipo de solo e clima.
- CH4 e N2O em áreas manejadas:
- Embora incomuns, emissões podem ocorrer em áreas onde fertilizantes são aplicados ou resíduos são depositados.
9.4. Abordagem para Revisão
Ao revisar inventários relacionados a “outras terras”:
- Verifique se as áreas degradadas ou convertidas estão claramente documentadas.
- Certifique-se de que as emissões de CO2 de solos expostos são consideradas.
- Avalie a consistência metodológica, especialmente em regiões onde a desertificação é significativa.
Exemplo prático:
- Um país relata a conversão de 500 hectares de pastagens para “outras terras”. O inventário deve incluir emissões de CO2 associadas à perda de SOC.
9.5. Exercícios Práticos
Cenário de exercício:
- Uma área de 200 hectares de terras agrícolas foi abandonada e sofreu desertificação em 2015. O SOC médio foi reduzido de 20 para 15 toneladas por hectare em 2020.
- Pergunta: Qual foi a perda total de SOC?
- Resposta: Perda total=(20−15)×200=5×200=1.000 toneladas de carbono.
9.6. Pontos-chave para lembrar
- “Outras terras” geralmente têm emissões de GEE mais baixas, mas podem se tornar fontes significativas devido à degradação.
- A desertificação e a erosão do solo são os principais processos responsáveis pelas emissões de CO2 nessas áreas.
- Revisões técnicas devem garantir que todas as mudanças relevantes no uso do solo estejam documentadas e quantificadas.
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Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.