No contexto atual, a preocupação com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente ganhou destaque globalmente. Diante dos desafios decorrentes das mudanças climáticas e do esgotamento dos recursos naturais, empresas e investidores estão buscando maneiras de avaliar o desempenho ambiental das organizações. Nesse sentido, as certificadoras ESG (Environmental, Social and Governance) desempenham um papel fundamental, fornecendo critérios e métricas para medir o impacto ambiental das empresas. Esta dissertação tem como objetivo explorar os principais critérios ambientais considerados por essas certificadoras e seu papel na promoção da sustentabilidade.
1. Conceito de certificadoras ESG
As certificadoras ESG são instituições independentes que avaliam o desempenho das empresas em relação a critérios ambientais, sociais e de governança. Seu objetivo é fornecer informações e dados confiáveis para auxiliar investidores e consumidores na tomada de decisões sustentáveis.
2. Quais são os critérios ambientais avaliados?
Certificadores ESG desempenham um papel fundamental na avaliação do desempenho ambiental das empresas, estabelecendo critérios e métricas que podem ser considerados como diretrizes para promover a sustentabilidade. Os critérios ambientais considerados por essas certificadoras podem ser divididos em várias categorias, e aprofundaremos cada uma delas:
a) Gestão de resíduos e emissões:
Avaliação da eficiência na gestão de resíduos sólidos e líquidos: Isso envolve a análise de como uma empresa lida com seus resíduos, sejam eles gerados em seu processo de produção ou durante a utilização de seus produtos. A empresa é avaliada com base em sua capacidade de minimizar, reciclar ou reutilizar resíduos.
Redução e monitoramento das emissões de gases de efeito estufa: As certificadoras ESG procuram entender como a empresa controla e reduz suas emissões de gases de efeito estufa, um dos principais contribuintes para as mudanças climáticas. Isso pode envolver o uso de tecnologias mais limpas, fontes de energia renovável e a adoção de práticas que minimizam a pegada de carbono.
Incentivo à adoção de práticas de economia circular e a utilização de energias renováveis: A economia circular implica em repensar a produção e o consumo, focando na reutilização e reciclagem de recursos. Além disso, a utilização de energias renováveis é uma maneira de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diminuir o impacto ambiental.
b) Conservação dos recursos naturais:
Avaliação do uso responsável e da gestão sustentável dos recursos naturais: As certificadoras analisam se a empresa está explorando os recursos naturais, como água, florestas e biodiversidade, de maneira responsável e sustentável. Isso pode envolver a implementação de práticas que evitem a depleção desses recursos.
Incentivo à implementação de estratégias de conservação e restauração dos ecossistemas: As empresas são incentivadas a contribuir para a conservação e recuperação dos ecossistemas naturais. Isso pode incluir a restauração de áreas degradadas ou a preservação de habitats críticos.
c) Eficiência energética e de recursos:
Análise do consumo energético da empresa e identificação de oportunidades de melhoria: As certificadoras ESG avaliam o consumo de energia da empresa e buscam oportunidades para torná-lo mais eficiente. Isso pode envolver a otimização de processos ou a adoção de tecnologias mais eficientes.
Incentivo à utilização de tecnologias mais eficientes e à redução do desperdício de recursos: As empresas são encorajadas a adotar tecnologias que consumam menos energia e recursos, ao mesmo tempo em que buscam reduzir o desperdício de água e matérias-primas. Isso pode melhorar a eficiência operacional e reduzir os custos.
d) Impacto climático:
Avaliação das estratégias e metas de redução das emissões de gases de efeito estufa: As certificadoras analisam as estratégias e metas da empresa para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Isso pode envolver a implementação de tecnologias de baixo carbono e a adoção de práticas sustentáveis.
Estímulo à adoção de práticas de adaptação às mudanças climáticas e à divulgação transparente dos riscos relacionados: As empresas são encorajadas a se adaptar às mudanças climáticas e a divulgar de forma transparente os riscos associados a essas mudanças. Isso é fundamental para a sustentabilidade a longo prazo.
e) Avaliação do ciclo de vida do produto:
Análise do impacto ambiental ao longo de todo o ciclo de vida do produto: Isso envolve a avaliação do impacto desde a extração de matérias-primas até o descarte. As certificadoras buscam entender como a empresa está minimizando o impacto ambiental em todas as etapas do ciclo de vida do produto.
Incentivo à ecoeficiência, com a busca por alternativas mais sustentáveis em todas as etapas do processo produtivo: Empresas são incentivadas a adotar práticas de ecoeficiência, que envolvem a busca por alternativas mais sustentáveis e a redução de desperdício em todas as etapas da produção, uso e descarte de produtos.
Esses critérios ambientais abrangem diversas dimensões da responsabilidade ambiental das empresas, e sua adoção ajuda a promover a sustentabilidade e a reduzir o impacto ambiental de suas operações. Esses critérios também fornecem uma base sólida para investidores e consumidores avaliarem o compromisso das empresas com práticas sustentáveis.
Considerações finais
As certificadoras ESG desempenham um papel crucial na avaliação do desempenho ambiental das empresas, fornecendo critérios sólidos para a mensuração do impacto ambiental e estabelecendo uma base para a promoção da sustentabilidade. Os critérios ambientais considerados por essas certificadoras abrangem desde a gestão de resíduos e emissões até a avaliação do ciclo de vida do produto, englobando todos os aspectos relevantes para a preservação do meio ambiente. Ao incentivar práticas sustentáveis e fornecer informações confiáveis, as certificadoras ESG auxiliam investidores e consumidores na tomada de decisões responsáveis, contribuindo para a construção de um futuro mais sustentável e equilibrado.

Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.