A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29) de 2024 acontecerá de 11 a 24 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão.
COP29 será um marco crucial para as metas climáticas globais, ocorrendo em um momento em que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) – os compromissos de cada país para reduzir emissões e mitigar os efeitos das mudanças climáticas – necessitam de atualização. Essa COP será especialmente significativa para o lançamento das NDCs dos Emirados Árabes Unidos, Azerbaijão e Brasil, também conhecidos como “Troika”. Esses países se comprometeram a apresentar planos alinhados à meta de 1,5°C, que serão discutidos no evento.
Atualizar e transformar as NDCs em documentos mais detalhados e acessíveis ao setor privado representa uma oportunidade de ampliar o financiamento a longo prazo. Essa necessidade decorre da constatação de que, para que as estratégias de descarbonização e adaptação climática sejam bem-sucedidas, é essencial o envolvimento do capital privado, dado o vasto montante de recursos exigido, especialmente em economias emergentes.
O Desafio das NDCs: Torná-las Completas e Atraentes ao Investimento
Apesar de seu potencial, as NDCs atuais apresentam lacunas em termos de clareza, qualidade e detalhes – aspectos críticos para orientar investidores que buscam conhecer o cenário político, as oportunidades tecnológicas e os riscos setoriais. Investidores desejam visualizar como os países planejam implementar suas metas de descarbonização para avaliar riscos e retornos potenciais.
Assim, as NDCs precisam de atualizações que tornem os compromissos climáticos mais transparentes e detalhados. Por exemplo, planos mais claros sobre políticas de apoio a energias renováveis, infraestrutura de mobilidade elétrica e estímulos à agricultura sustentável poderiam atrair investidores interessados em setores específicos e tecnologias emergentes.
Financiamento para Países em Desenvolvimento: Um Fator Decisivo
A falta de financiamento adequado para os esforços de mitigação e adaptação dos países em desenvolvimento representa um risco não apenas para esses países, mas também para a estabilidade financeira global. A ausência de apoio financeiro efetivo pode minar a ambição das NDCs, retardar o avanço das ações pelo clima e, ao longo prazo, impactar a economia global.
Portanto, é necessário que as discussões em torno das NDCs avancem em paralelo ao Novo Objetivo Coletivo Quantificado (NCQG), especialmente durante a COP29. Dessa forma, o evento poderá se tornar um palco para assegurar que o financiamento privado esteja no centro das discussões, permitindo a construção de estratégias que respondam tanto às demandas dos investidores quanto às necessidades climáticas globais.
Oportunidades para o Setor Privado na COP29
A COP29 trará uma oportunidade única para o setor privado dialogar com representantes governamentais e outros stakeholders relevantes sobre os desafios e necessidades de investimento. Ao reunir líderes empresariais, formuladores de políticas e representantes do setor financeiro, o evento facilita a criação de parcerias e colaborações que podem pavimentar o caminho para um futuro de investimentos sustentáveis.
Além disso, como o financiamento está no centro da agenda da COP, o evento oferece uma oportunidade de engajamento mais eficaz com o setor privado, ajudando a reduzir a lacuna de financiamento climático. Decisões tomadas durante a COP29 podem definir o tom sobre como setores público e privado devem colaborar para financiar projetos sustentáveis, particularmente em economias emergentes.
Estímulo a Ações Decisivas
O momento é propício para que os governos emitam os sinais corretos ao mercado, incentivando ações concretas nesta década decisiva. As NDCs atualizadas poderão ser uma ferramenta poderosa para alinhar os investimentos privados com os compromissos climáticos nacionais, criando condições para que a descarbonização ocorra em setores chave da economia.
Em resumo, a COP29 representa uma oportunidade crucial para transformar as NDCs em planos mais investíveis e acessíveis ao setor privado. Ao fomentar a cooperação entre os setores público e privado, e promover políticas que facilitem o engajamento e o apoio financeiro necessário, o evento pode marcar o início de uma nova era de investimentos em sustentabilidade e ações climáticas em nível global.
A COP30 será no Brasil
O Brasil será sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. O evento, que reúne representantes de 198 países, acontecerá na cidade de Belém, no Pará, e tem o objetivo de debater soluções que visam conter o aquecimento global e criar alternativas para um mundo mais sustentável. Pela primeira vez no País, a COP30 representa uma oportunidade para destacar a importância da floresta amazônica, suas riquezas e seu papel para promover a conservação ambiental.
Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.