Presidente da COP 28, Sultan Al Jaber, e Presidente da COP 29, Mukhtar Babayev | Fonte: COP29/Flickr
A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) teve início ontem em Baku, com discursos impactantes e decisões significativas para a governança climática global. Entre os destaques do primeiro dia, estão a adoção das regras para o mercado de carbono e o compromisso dos Estados Unidos em continuar reduzindo suas emissões, mesmo com mudanças na administração presidencial.
Abertura com Apelos por Ação
O evento começou com discursos do presidente da COP28, Sultan Al-Jaber, do recém-eleito presidente da COP29, Mukhtar Babayev, e do líder da ONU para o clima, Simon Stiell. Al-Jaber destacou o crescimento recorde em energia renovável e o apoio do Fundo Climático Alterra, dos Emirados Árabes Unidos, com US$ 6,5 bilhões, embora parte desse montante tenha sido destinada a um gasoduto, o que gerou críticas.
Já Babayev enfatizou a gravidade da crise climática, alertando que “estamos em uma estrada para a ruína”. Ele reforçou a necessidade de um objetivo realista para o financiamento climático, apontando que o setor público pode mobilizar centenas de bilhões, mas que o esforço não pode recair apenas sobre os governos.
Stiell emocionou-se ao relembrar a destruição climática em sua ilha natal, Carriacou, e defendeu a relevância do processo da ONU como um espaço crucial para a responsabilização climática entre os países.
Aprovação das Regras do Mercado de Carbono
Uma conquista significativa do primeiro dia foi a adoção das regras para o mercado de carbono, sob o Artigo 6.4 do Acordo de Paris, um marco que promete direcionar recursos para o desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. Embora celebrada pelo presidente da COP29 como “uma ferramenta revolucionária”, a decisão foi questionada por países como Tuvalu e por organizações da sociedade civil, que criticaram a falta de transparência no processo.
Compromissos dos Estados Unidos e Perspectivas para China
John Podesta, enviado especial dos EUA para o clima, assegurou que a Lei de Redução da Inflação dos EUA continuará reduzindo as emissões do país, independentemente da troca de governo. Ele reforçou a “obrigação” da China em submeter um plano climático alinhado com a meta de 1,5°C e destacou a importância de expandir a base de doadores, incluindo países em desenvolvimento economicamente avançados.
Relatório da OMM: 2024 Pode Ser o Ano Mais Quente da História
Um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado ontem apontou que 2024 caminha para ser o ano mais quente já registrado, impulsionado pelo fenômeno El Niño. A OMM alertou que, embora o aumento de temperatura a curto prazo ainda não viole o limite do Acordo de Paris, cada fração de aquecimento aumenta riscos e impactos climáticos extremos.
Ausências de Líderes Globais e a Questão Comercial
Líderes de peso, como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chinês Xi Jinping, cancelaram suas presenças no evento. Em contrapartida, líderes de Sudão, Irã, Egito e Marrocos confirmaram discursos para os próximos dias. Além disso, a agenda foi definida após um acordo que removeu discussões sobre medidas comerciais restritivas, uma proposta que havia sido impulsionada pela China e outros países emergentes.
A COP29 prossegue com uma agenda ambiciosa, enquanto o mundo acompanha a busca por soluções concretas e financiamento adequado para enfrentar a crise climática.
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Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.