CSRD e o desafio da rastreabilidade na cadeia produtiva

A implementação da CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) representa uma das mudanças mais significativas no escopo das obrigações de relatórios de sustentabilidade das empresas que atuam na União Europeia. Em vigor desde janeiro de 2024, essa diretriz substitui a NFRD (Non-Financial Reporting Directive) e amplia de forma robusta o número de companhias obrigadas a reportar informações de natureza ambiental, social e de governança.

Mas para além da exigência de relatórios mais detalhados e comparáveis, a CSRD introduz um elemento que está se tornando um verdadeiro divisor de águas nas práticas de ESG: a rastreabilidade da cadeia produtiva.

O que é a CSRD e por que ela é importante?

A CSRD é uma legislação europeia que visa tornar os relatórios de sustentabilidade tão robustos quanto os relatórios financeiros tradicionais. Ela obriga que empresas divulguem informações com base em normas padronizadas, desenvolvidas pelo EFRAG (European Financial Reporting Advisory Group), conhecidas como ESRS (European Sustainability Reporting Standards).

Entre seus principais objetivos estão:

O desafio da rastreabilidade: um novo padrão de responsabilidade

Uma das exigências mais complexas da CSRD está ligada à rastreabilidade e due diligence na cadeia de valor. Isso significa que as empresas não podem mais se limitar a relatar apenas seus próprios indicadores internos. Agora, precisam estender seus olhos e responsabilidades às operações de fornecedores, parceiros e terceirizados.

Esse novo paradigma exige:

Para as empresas brasileiras que exportam para a Europa ou fazem parte de cadeias globais, isso significa adaptar seus processos com mais transparência e controle, sob risco de perder contratos ou enfrentar sanções reputacionais e legais.

Quais dados devem ser rastreados?

De acordo com as ESRS, a rastreabilidade deve cobrir:

A integração desses dados requer tecnologia, padronização, capacitação e governança, o que pode representar um desafio maior para pequenas e médias empresas (PMEs).

Tecnologia como aliada da rastreabilidade ESG

Soluções digitais têm sido fundamentais para enfrentar o desafio da rastreabilidade. Entre as ferramentas que ganham destaque estão:

Empresas que adotam tecnologias de ponta tendem a ganhar eficiência, segurança de dados e vantagem competitiva.

Desafios para empresas brasileiras

Para companhias nacionais, os principais desafios incluem:

Apesar disso, a conformidade com a CSRD pode abrir novas oportunidades de negócio, especialmente com clientes europeus que exigem transparência e desempenho ESG robusto.

Oportunidade para liderança e inovação

Empresas brasileiras que anteciparem a adequação à CSRD podem se posicionar como referências globais em sustentabilidade, sobretudo em setores como agroindústria, moda, mineração e papel & celulose.

A adoção voluntária de boas práticas de rastreabilidade, mesmo antes da obrigatoriedade formal, demonstra compromisso e autoridade no tema ESG, sendo reconhecida por investidores, consumidores e parceiros internacionais.

Conclusão

A CSRD não é apenas mais uma regulação, mas um marco transformador na forma como a sustentabilidade corporativa é tratada. A rastreabilidade na cadeia produtiva deixa de ser uma vantagem competitiva e se torna uma obrigação normativa, especialmente para quem deseja permanecer relevante nos mercados internacionais.

Investir em governança, tecnologia e capacitação para garantir a rastreabilidade será, portanto, essencial. Mais do que um desafio, esse movimento representa uma oportunidade de evoluir os modelos de negócio, incorporando valores que transcendem o lucro e valorizam o impacto positivo.

Palavras-chave: CSRD, rastreabilidade, cadeia produtiva, relatório de sustentabilidade, ESG, EFRAG, ESRS, transparência corporativa.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *