Entrevista com Lilian Rauld, Gerente de Sustentabilidade e ESG da Sodexo Brasil

Na entrevista de hoje da série “Vozes do ESG”, tivemos a honra de conversar com Lilian Rauld, Gerente de Sustentabilidade e ESG da Sodexo Brasil. Com uma carreira sólida de mais de 15 anos na empresa, Lilian tem sido uma peça fundamental no avanço de práticas de ESG, com foco em criar uma cultura de allyship e conscientização sobre vieses no ambiente corporativo. Sua paixão pela diversidade cultural e sua dedicação à inovação refletem uma visão de inclusão como alicerce para o crescimento e a excelência organizacionais.

Além de seu trabalho na Sodexo, Lilian é coautora de publicações voltadas à inserção de profissionais refugiados no mercado e tem liderado programas de mentoria para mulheres refugiadas, evidenciando seu compromisso com a transformação social. Nesta entrevista, ela compartilha suas experiências, os desafios e as conquistas em promover um ambiente corporativo inclusivo e colaborativo, destacando a importância de cada iniciativa para o desenvolvimento de lideranças diversas e ambientes mais inovadores e justos.

Veja a entrevista completa a seguir:

Como sua trajetória profissional moldou sua abordagem para implementar estratégias de ESG com foco em diversidade, equidade e inclusão nas empresas em que você trabalhou?

Minha trajetória profissional foi desenvolvida em diferentes países. Sou chilena, mas já morei e trabalhei na Espanha, nos Estados Unidos e, desde 2013, estou no Brasil. Isso me gerou diversas vivências e fez com que eu aprendesse sobre diferentes culturas. Ao longo dos anos, fui tendo novas percepções e entendi que a diversidade, a equidade e a inclusão são essenciais não apenas como políticas internas, mas também como estratégias para inovação e desenvolvimento organizacional.

A Sodexo contribuiu muito na minha trajetória, pois é uma empresa que investe fortemente na diversidade, tendo como compromisso destacado a missão de melhorar a qualidade de vida das pessoas por meio dos serviços, então temos muitas oportunidades de implementar projetos e iniciativas que impactam a vida das pessoas e que fazem a diferença em suas carreiras.

Quais práticas você considera essenciais para promover equidade de gênero, raça, geração e orientação sexual nas organizações?

Acredito que a equidade nas organizações começa com a implementação de políticas claras e metas específicas que visam a inclusão em todos os níveis de trabalho.

Na Sodexo, nosso compromisso com a Diversidade, Equidade & Inclusão (DE&I) se reflete nos cinco pilares que orientam nossas práticas: Gênero, Gerações, LGBTI+, Pessoas com Deficiência e Cultura e Origens. Com base nesses pilares, trabalhamos para garantir condições justas de crescimento profissional a todos os colaboradores. A diversidade é sobre reconhecer cada colaborador como único, com suas características e experiências individuais, desde idade e formação educacional até etnia, gênero e orientação sexual, para que ele se sinta confortável para ser quem ele quiser, dentro do ambiente de trabalho.

Como você enxerga a relação entre ESG e o fortalecimento da diversidade no mercado de trabalho brasileiro?

A diversidade faz parte do eixo “Social” da agenda ESG, e sua relevância está sendo rapidamente reconhecida pelas empresas. Ao priorizar a diversidade, as organizações não apenas atendem a uma demanda social crescente, mas também têm a oportunidade de implementar políticas inclusivas que respeitem e promovam o tema, isso faz com que a companhia atraia talentos diversos, com diferentes vivências e pontos de vista, o que é crucial em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, além de contribuir para o desenvolvimento social e econômico do País.

Na Sodexo, buscamos ser agentes dessa mudança. Estamos continuamente envolvidos em ações de DE&I para garantir que as melhores práticas estejam incorporadas no nosso dia a dia, contribuindo para melhorar a qualidade de vida de nossos colaboradores e de todos que servimos.

Como o seu trabalho com programas de mentoria para mulheres refugiadas se conecta com as práticas de ESG, e de que maneira você enxerga essas iniciativas contribuindo para a inclusão social e a transformação empresarial?

Para mim, incluir colaboradores refugiados é mais do que contar com uma força de trabalho oriunda de outro país, mas prover condições dignas de se reafirmar como cidadão e, para os nossos times brasileiros, é uma oportunidade de troca de conhecimentos, despertando sentimentos de empatia, respeito e um ambiente de trabalho mais humanizado e harmonioso. Aqui na Sodexo contamos com 335 colaboradores em situação de refúgio e imigrantes, vindos de países como Venezuela, Haiti, Angola, Guiné, Senegal, Quênia e Afeganistão, dos quais 66% são mulheres. Nós temos o apoio da OIM (Organização Internacional para as Migrações) e da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) para a contratação dessas pessoas.

Realizamos algumas iniciativas focadas em refugiados e imigrantes, sendo uma delas o Somos Todos Cuidadores, o programa consiste em uma formação de 40 horas, durante 10 dias, em que os participantes aprendem uma profissão, recebem um certificado e a oportunidade de contratação pela Sodexo. Essa iniciativa promove uma valiosa troca cultural dentro das organizações. Ao integrar refugiados e imigrantes em nossas equipes, não apenas enriquecemos nosso ambiente de trabalho com diferentes perspectivas e experiências, mas também contribuímos para a criação de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Fora da Sodexo, tive a oportunidade de ser mentora do projeto “Nós por Elas”, do Instituto Vasselo Goldini (IVG), entre os anos de 2020 e 2022. Durante esse período, eu acompanhava as mulheres refugiadas e imigrantes do programa para apoiá-las na busca por emprego, adaptação no País, acertos das documentações e aculturamento.

A Sodexo recentemente reestruturou sua Estratégia ESG. Como essa nova abordagem foi estruturada para assegurar um equilíbrio eficaz entre as metas ambientais, sociais e de governança, e quais desafios significativos foram enfrentados durante a sua implementação? Se puder, conte-nos sobre o processo.

A nossa Estratégia ESG vem como uma evolução dos trabalhos de sustentabilidade que têm sido realizados ao longo da jornada da empresa. Nos últimos quatro anos, o tema começou a ganhar mais relevância nas empresas e as pessoas passaram a compreender mais a lógica e a importância desses critérios aplicados aos negócios. O objetivo deste movimento é promover alinhamento conceitual sobre os temas e desafios de ESG na nossa empresa no País, conectando as várias iniciativas que já ocorrem em nossa empresa, para nos posicionarmos de forma estratégica, como referência nos setores em que atuamos.

A definição da Estratégia ESG passou por algumas etapas para que tudo que envolve o tema em nossa empresa no Brasil fosse contemplado, como por exemplo a realização de um workshop com a alta liderança, que contribuiu para a consolidação de uma estratégia forte e direcionada, além disso, temos feito um trabalho de letramento de todos os nossos colaboradores em relação ao tema.

Quais ações a Sodexo tem implementado para promover um ambiente mais sustentável e inclusivo, e quais resultados já foram observados em termos de impacto ambiental e social?

A Sodexo tem implementado diversas ações para promover um ambiente mais sustentável e inclusivo, conforme descrito em sua estratégia Better Tomorrow 2025. Algumas das principais ações incluem:

Como você imagina o futuro do ESG no Brasil e no mundo nos próximos 10 anos? Quais serão os maiores desafios e oportunidades?

Nos próximos 10 anos, a importância do ESG (Ambiental, Social e Governança) se tornará ainda mais central nas operações empresariais, impulsionada pelas crescentes demandas dos consumidores por maior transparência e responsabilidade. Empresas como a Sodexo, que se destacam em práticas sustentáveis, estão liderando essa transição para uma economia de baixo carbono.

Além disso, a intensificação das mudanças climáticas exigirá que as empresas adotem ações eficazes para gerenciar recursos de forma sustentável. À medida que a população mundial continua a crescer, observamos o aumento da produção de alimentos, do número de veículos terrestres e aéreos, e a expansão da geração de energia, fatores que contribuem para o aumento das emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, para as mudanças climáticas. Portanto, é urgente que tomemos medidas para mitigar esse impacto negativo.

Estou, inclusive, participando da redação de um livro sobre mudanças climáticas e as regiões que se tornarão inabitáveis devido a condições extremas, como secas severas e chuvas intensas, derivadas das ações humanas. Precisamos olhar para o futuro e agir com urgência.

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