
Um grupo de investidores, responsáveis por um total de US$ 6,8 trilhões (R$ 39,5 trilhões) em ativos, divulgou um comunicado nesta terça-feira (4), solicitando que as autoridades da União Europeia não cedejam à pressão de reduzir suas regulamentações ESG (ambientais, sociais e de governança).
Entre os signatários estão o Institutional Investors Group on Climate Change (IIGCC), o European Sustainable Investment Forum (Eurosif) e os Principles for Responsible Investment (PRI).
Este movimento surge como uma resposta ao crescente movimento da Alemanha e da França, que pedem a revisão das normas ESG da União Europeia. As duas maiores economias do bloco têm argumentado que tais regulamentações prejudicam a competitividade de suas empresas em relação a rivais nos Estados Unidos e na Ásia.
De acordo com os investidores, as políticas atuais da União Europeia são essenciais para guiar a alocação de recursos. Eles afirmam que qualquer modificação nas regras deveria ser restrita a ajustes técnicos ou mudanças nas orientações de implementação, alertando que alterações mais profundas poderiam gerar incertezas regulatórias e comprometer a meta europeia de alcançar os objetivos do Green Deal.
Tensões sobre regulamentações
A Alemanha e a França têm pressionado a União Europeia para que adie ou pause a implementação das regras ESG, especialmente para aliviar a carga sobre as pequenas e médias empresas, que, segundo dados de janeiro, não apresentaram crescimento nos últimos meses de 2024. A principal preocupação é com os impactos da Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa, estabelecida em abril de 2021, que exige que as empresas europeias divulguem informações detalhadas sobre suas práticas ESG.
Enquanto isso, os investidores defendem que as exigências de ESG são cruciais para orientar suas decisões de investimento. No comunicado, eles afirmam que já abordaram a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre suas preocupações.
Iniciativas de simplificação
A Comissão Europeia, por sua vez, anunciou planos para impulsionar a competitividade e o crescimento econômico do bloco nos próximos cinco anos. Um dos principais projetos é o “Pacote Omnibus”, que visa simplificar as regulamentações relacionadas aos relatórios de sustentabilidade corporativa, diligência devida e a taxonomia das finanças sustentáveis da União Europeia.
Maria Luis Albuquerque, nova comissária europeia de serviços financeiros, afirmou em uma recente entrevista que, embora o compromisso com o Green Deal permaneça inalterado, é necessário ajustar alguns aspectos regulatórios e legislativos.
Discussões sobre mudanças nas regras
Autoridades da União Europeia se reunirão nesta semana com líderes empresariais e representantes de associações comerciais para avaliar quais mudanças podem ser feitas nas normas ESG. Contudo, investidores focados em sustentabilidade não estarão presentes nas discussões.

Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.