Audiência sobre Colusão no Investimento ESG
Em uma audiência liderada por Thomas Massie, o Comitê Judiciário da Câmara dos EUA se reuniu para discutir a suposta colusão no investimento em ESG (Environmental, Social, and Governance) e suas implicações econômicas e legais. Massie começou destacando que a economia americana se baseia no capitalismo de livre mercado, que promove a concorrência, reduz os preços e melhora os bens e serviços. Citando o economista Milton Friedman, ele argumentou que o sistema de livre empresa é a máquina mais eficaz para eliminar a pobreza.
Massie acusou o que chamou de “cartel climático” de se engajar em colusão anticompetitiva para impor agendas ambientais radicais, desafiando as leis antitruste. Segundo ele, essa colusão aumenta os preços, reduz a produção e limita as escolhas dos consumidores, contrariando os princípios econômicos e legais de longa data.
Defesa dos Investimentos Responsáveis
Os defensores dos investimentos em ESG argumentaram que a consideração dos riscos climáticos e outras questões sociais é crucial para decisões financeiras responsáveis. Eles enfatizaram que os gerentes de ativos e fundos de pensão têm a obrigação fiduciária de considerar todos os riscos, incluindo os ambientais, para garantir retornos seguros e sustentáveis para os investidores. Representantes de organizações como Siri e Calpers esclareceram que suas práticas são transparentes e que cada investidor toma decisões de forma independente, sem colusão ou fixação de preços.
Eles também destacaram que mais de 10.000 empresas estabeleceram metas de ação climática, incluindo metade das maiores 2.000 empresas globais, mostrando que a ação climática é uma oportunidade financeira significativa, além de mitigar riscos econômicos decorrentes de eventos climáticos extremos.
Alegações de “Cartel Climático”
Os críticos dos investimentos ESG, incluindo alguns membros do Comitê Judiciário, levantaram preocupações sobre um suposto “cartel climático” que estaria tentando manipular o mercado e impor uma agenda ambiental. Argumentaram que, ao fazer isso, esses grupos estariam prejudicando a concorrência e violando leis antitruste.
No entanto, os representantes dos investimentos ESG refutaram essas alegações, explicando que suas ações são baseadas em análises independentes dos riscos e oportunidades financeiras relacionadas ao clima. Eles afirmaram que não existe uma colusão para fixar preços ou limitar a produção, mas sim um esforço conjunto para garantir que as empresas estejam preparadas para um futuro sustentável e lucrativo.
Impacto das Mudanças Climáticas nos Investimentos
Um dos pontos centrais da discussão foi o impacto financeiro das mudanças climáticas e como os investimentos ESG buscam mitigar esses riscos. Os defensores argumentaram que eventos climáticos extremos representam custos enormes para a economia e que a consideração dos riscos climáticos é essencial para proteger os investimentos a longo prazo.
Eles mencionaram que as seguradoras, por exemplo, estão enfrentando custos crescentes devido a desastres naturais e que essas empresas têm a responsabilidade fiduciária de internalizar esses riscos. Da mesma forma, fundos de pensão e grandes investidores institucionais precisam considerar todos os fatores de risco, incluindo os ambientais, para garantir a segurança dos benefícios futuros.
Conclusão
Em resumo, a audiência destacou o debate em curso sobre o papel dos investimentos ESG na economia americana. Enquanto alguns veem essas práticas como uma forma essencial de proteger os investimentos contra riscos futuros e promover um desenvolvimento sustentável, outros as criticam como uma forma de colusão anticompetitiva. A discussão continua, refletindo as complexidades e os desafios de equilibrar preocupações econômicas e ambientais em um mundo em rápida mudança.
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Fernanda de Carvalho é Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também estudou na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo de Vida Selvagem. Dedicou parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental na Suzano S/A e como Consultora de Comunicação da Ocyan S/A. É conhecida no setor florestal pelos artigos publicados nos blogs Mata Nativa e Manda lá Ciência.